sábado, setembro 30, 2006

A profunda impressão de um duplo suicídio não passa pelo gargalo de apelos sensacionalistas cotidianos. Passa, sim, pela percepção que apalpa as dobras do tempo para compor a história, passa pela garganta seca que revela a chama poética de um pertencimento verdadeiro.

No filme Lost Zweig, de Sylvio Bach, o suicídio, em si, é uma tangente traçada entre a linguagem humana como coerência de ações individuais precisas e a insuficiência de um domínio que não se adota, de um espírito que se pauta apenas pela lógica de uma configuração histórica em detrimento da vida como “metabolismo” da existência. O efeito de um contraste entre o mote para o duplo suicídio e uma narrativa que privilegia, quase que de forma lúdica, a imagem de um período nebuloso resulta na primorosa contextualização de espaços culturais autênticos; apresenta elementos de uma época, sem, contudo, estabelecer referências que possibilitem passividade frente à obra.

Em Lost Zweig, o amor e o jogo se espelham, por um lado, numa lista que, ao contrário de Schindler, Zweig não obteve êxito em salvar da ira nazista os seus componentes, e, por outro, num tabuleiro de xadrez onde o paradoxo de um jogo solo põe em cheque a própria vida. Lotte, esposa de Zweig e protagonista dos suicídios, junto ao marido, por sua vez, move-se compassiva ao ritmo de uma solidão introjetada nas próprias veias que culmina num derradeiro gesto de “esperança”.

Roberto Bittencourt

Texto originalmente publicado no jornal O Estado do Paraná.

terça-feira, setembro 26, 2006


Cada vez mais me impressiona a industria da informação com seus letrados e eloqüentes operários a preencher páginas e páginas, horas e horas, semanas e semanas na produção de artigos de primeiríssima necessidade. Eu me pergunto como viveríamos nós, pobres eleitores, sem a zelosa dedicação desse verdadeiro exército de operários da notícia; como acertaríamos na nossa modesta escolha sem esse dilúvio de informações arquitetadas em nome da decência.

Sim, porque você pensa que é fácil acertar uma escolha? Ou você acha certo eles apenas informarem, sem uma causa nobre por trás como a ética, por exemplo? Isso é o de menos, o que importa é falar em nome de alguma coisa e ética, além de bonita, é uma palavra que pouca gente sabe o significado. O que facilita consideravelmente o trabalho dessa gente tão dedicada e cheia de argumentos, e de provas, e de uma coerência incrivelmente incrustada na história.

Lá vou eu me sentir povo novamente. Esse sentimento é ultrajante, me bota cada vez com mais inveja desses maravilhosos e, porque não, fantásticos operários da mídia. Eles pensam o que tem de ser pensado e isso basta; dizem de todas as formas como deve se comportar o cidadão, qual é a melhor e a pior política para o país, em quem se deve votar... Agora, não é assim tão simples escolher porque, segundo eles, a melhor política nem sempre é feita pelo melhor político.

É evidente que não estou generalizando. Do contrário cometeria grande injustiça com esses profissionais que tanto se dedicam ao fortalecimento da indústria da informação, já que os poucos que mostram todas as opções possíveis em nada contribuem para essa industria pródiga ao mercado. E, de mais a mais, se estes não têm um espaço na grande mídia é justamente por falta de comprometimento com as questões de hegemonia e os meios afins. Que se danem.

Cá pra nós, eu descobri que estou com um sério problema em relação à imprensa cujo sintoma consiste na inversão voluntária de valores absolutamente estruturados desde uma concepção única e individual na convivência que momentaneamente arranjo em sintaxes aparentemente verdadeiras. Em outras palavras, a coisa não é bem assim, ainda quer assim seja feita.

Roberto Bittencourt

segunda-feira, setembro 25, 2006

Na configuração de cada
olhar o lugar se aviva,
o querer acontece
e no íntimo do tino
tecem-se as condutas
humanas expressas
em nome da vida.

Roberto Bittencourt

sábado, setembro 23, 2006


A dimensão do amor
cabe mas não preenche
o espaço acordado para
evolução mútua.

Planos de convenções
e diálogos fundamentam
sim senhor o presente
do futuro sonhado.


Roberto Bittencourt

quinta-feira, setembro 21, 2006


Nogueiras que plantei na década de sessenta

Texturas de minha infância

terça-feira, setembro 19, 2006


A responsabilidade das atitudes no meio social se verifica, do ponto de vista de privilégios cívicos, em conformidade com os códigos geradores de tais privilégios. Isso quer dizer que, ou se elevam os patamares de observância na promoção do civismo à condição de prosperidade humana ou permanecem os equívocos por conta de julgamentos preconceituosos.

O ser cívico prospera em proporção à condição humana que o sustenta ou se desintegra nas questões de um poder aparente que promova controle regulador de demandas legítimas. E, se entendida a referência localizada na aparência como própria da postura que se respeita, de que servem as atitudes humanas como referências históricas na construção do presente e na projeção do futuro?

Diante disso, busca-se uma resposta na reflexão sobre a indumentária como indicativo expresso de um desencadeamento particular na linguagem que publica determinadas referências antes que um certo regimento as ordene como publicáveis.

Ocorre que tais referências manifestas por intermédio do ser cívico, contudo, não se dá apenas pelo coeficiente da razão. A equação historicamente sugerida em função de superações de cunho científico-filosóficas, tais como a questão da relatividade em Einstein ou a da ontologia da realidade em Maturana, por exemplo, talvez se apresente mais complexa que a relação entre dívida e divisa no seio das Ciências Sociais.

O poder plasmado nas relações competitivas que trouxe a reboque, de uma noção caótica, o dever como fator ético de orientação cível, sofre atualmente um revés significativo. Competir significa, na acepção econômica da palavra, levar vantagem em relação à outra coisa e, dado ao estado de fluidez e de volatilidade que alcançou a economia de mercado frente aos parâmetros gerais de globalização que imperam sobre a condição e a condução civilizacional, a noção de poder tende ao rompimento da corrente do reboque ético. Seguindo, assim, por força de um dever corrompido pela falsa noção de sobrevivência que a coisa representa, uma ordem que nega a ação como instrumento relativo de interferências ontológicas.

Disso resulta que o dever assume um lugar sagrado como vetor dessa sobrevivência, por um lado, superdimensionada em padrões cumulativos consumistas, e, por outro, cada vez mais miserável em proporção às dívidas assumidas por conta de créditos que a viabilizem. Desse modo, o poder econômico se hegemoniza como condutor de um processo que abandonou o vagão do dever ético por uma falsa noção de liberdade que se mantém, em última instância, as custas de uma guerra sem divisas e indiscriminadamente violenta.

A idéia de divisa, desvinculada da questão ética, se confunde com a idéia de vantagem determinada por estruturas competitivas de poder. Isso significa divisão conflituosa em qualquer campo de ação que as linhas divisórias estabeleçam limites ou as contingências exigiriam a cooperação entre as partes, dada a natureza coordenada da linguagem que estabelece o meio propício à vida humana. Nesse sentido, as aparências remetem às questões ontológicas da vida humana ou se configuram em cenários espetaculares para representações de futuro coordenado em decorrência de um rompimento histórico com o fator ético de poder.

Se a condição para o haver como pertencimento for entendida apenas na relação entre o crédito e o débito, os laços entre uma folha de árvore e o galho que a sustenta, por exemplo, ao partirem das mesmas raízes profundas e das mesmas superficiais, assumiriam uma competição para que tais existências se isolassem por conta de débitos com estas ou aquelas raízes nas evoluções da folha e do galho. O que ocorre, ao invés disso, é que tanto a folha quanto o galho, como que argumentos históricos que surgem em momentos distintos, cooperam na formação da árvore. Desse modo, uma espécie de mentalidade do dever se estabelece no processo da existência de ambos para que a árvore se forme.

A noção de dívida assumida pala razão mercadológica, nesse sentido, ao discriminar as fontes que alimentam o haver e o dever dentro do processo civilizacional, discrimina civilmente os seres por conta de um comprometimento que pressupõe a aparência como determinante processual, o que se afigura uma folha estática entre o galho e a sarjeta.

A questão da divisa topográfica dessa razão, relacionada aqui à forma da árvore frutífera e suas reações derivadas de um encadeamento específico como, por exemplo, o resultante dos cuidados dispensados para a revelação da postura aparente, se discute pelos argumentos excludentes de uma estética da maquiagem. Isso quer dizer que a dissolução das divisas, percebida na lógica mercantilista global na medida em que se fluidificam os territórios, se dá pelo câmbio das questões de disciplina para as de controle.

O tratamento antes dispensado à árvore em forma de poda adequada e de cuidados específicos quanto ao meio propício ao desenvolvimento desejado, agora se faz pela admissão de produtos químicos que controlam fluxos e monopolizam territórios em nome de uma agregação excludente por origem. Ou seja, a poda no momento preciso, do ponto de vista técnico, corresponde à aparência dos frutos na ponta desse processo.

Roberto Bittencourt

segunda-feira, setembro 18, 2006

Este texto foi originalmente publicado no jornal Patyfarias de Paty do Alferes - RJ


Escritas quase retas

Eu sempre quis escrever como escrevem a maioria dos jornalistas. Sempre muito claro: palavra sem puxar palavra, mas, puxando o sentido de um fato, de um acontecimento que se deu por vencido diante do texto tenaz. Uma escrita quase sempre correta; reta no sentido que possa ter uma reta, que possa ter um sentido tido como verdadeiro, como pertinente que é ao arrastar das margens os entulhos para dizer, por exemplo: este é o trapo que usou fulano no dia da posse...

Mas, acho que não tem jeito, tudo o que eu escrevo tem aquela pitada de qualquer coisa que não dá para entender assim como se entende um discurso importante, um discurso lógico, um discurso que se possa ler como sobremesa e comer como se come um pastel, sem a consciência dos radicais livres. É como se você estivesse entendendo tudo até agora, e, de repente, o gato pula no telhado, a porta bate, é sua mãe ao telefone, catarro no pulmão, fisgada no dente.

O jeito é voltar ao primeiro parágrafo e tentar novamente que é assim que se distende, já que não consigo escrever como escrevem a maioria dos jornalistas e, sempre muito claro, palavra só puxa palavra quando não se dá o sentido. Na minha escrita o mundo pirueta, pinheirola, enrola o capeta e não consegue aquela reta que leva ao céu do Chuí. Daí, não dá para cobrir um evento ou aventar ao sul o desejo de narrar um Paraná, uma Curitiba, uma Morretes, uma Vila Zumbi, o tempo da lambreta.

Neste quarto talvez eu consiga dizer que a luz difusa me atrai aos bastidores, me sensibiliza para as marcas de uma iluminação precisa, para os gestos de palavras soltas ao fluir de um espetáculo. Mas, aqui, neste ponto, enquanto você naturalmente pensa em travesseiros, eu torno a dizer que gostaria de escrever como escrevem a maioria dos jornalistas. Falar de uma coisa que não quer dizer nada além daquela coisa que se diz e que não é propriamente uma coisa, mas, algumas coisas que se afetam. Este quarto parágrafo, no entanto, nem sei se consegue apontar para a Sociedade do Espetáculo.

A intenção. Sim, talvez seja ela a danada que em meu texto corre pelas tabelas e não cai, ainda que eu cante a caçapa. Mas, este é um jogo em que importa a ficada. É a sua vez.

Você tem razão, se entendia quase tudo até o alvoroço do gato pulando no telhado. Depois, como se um cochilo me acometesse, cá estou eu com o taco, numa puta de uma enrascada tendo que sair de uma sinuca de bico. Isso prova que você nunca vai conseguir escrever como escrevem a maioria dos jornalistas, que jamais vai ter a oportunidade de cobrir um belo enterro de papa, de narrar um espetáculo bélico, de, ao menos, servir ao poder econômico. E tudo por causa de uma certa inabilidade em perseverar numa coerência que se entenda sem muito esforço, sem que se tenha de evocar um Julio Cortazar, um José Saramago... É essa coerência que lhe falta a responsável pelo poder da comunicação, pelo poder político que alcança votos. E isso é o que importa fora dos bastidores, aonde você se expõe e dá a tacada certeira antes que o jogo vire missa de corpo presente e sua vez nem aconteça.

Menos mal que você correspondeu ao meu apelo e fez o possível para encerrar o jogo, para, por tabela, desencadear uma espetacular seqüência e pôr fim a esta querença de escrever como escrevem a maioria dos jornalistas. Porque só assim eu percebo que não é bem assim, que apesar de não conseguir escrever como eles escrevem já tive caneta-tinteiro, já usei mata-borrão. E, ainda que isso não lhe diga nada, faço uso de metáforas para que não fique claro que um dia ainda vou escrever como escrevem a maioria dos jornalistas.

Roberto Bittencourt

sexta-feira, setembro 15, 2006


Junqueira

É de dar dó compreender os motivos do gesto violento. Digo isso porque é sabido que o Junqueira, queira ou não, vive de favores. Nem tanto ele que de um jeito ou de outro se vira, mas sua prole, certamente, ta lá aguardando umas migalhas da vida. Mas, por favor, não entenda culpa, uma vez que não se percebe o gesto através de mote e este exercício investigativo sobre uma coerência infinita somente busca imprimir legitimidade ao gesto em si.

Não há julgamento, apenas um certo rastreamento do olhar de Junqueira a partir da visão do sangue na oficina. Guri já é curioso, se vê o pai bufando com uma marreta nas mãos então, nem se fale. Vá entender o porquê daquilo. Tudo bem que se falou em provocação, literalmente, de mijada nas costas, de tapa na cara. Mas, daí pra esfacelar uma cabeça... Qual seria uma provável distância?

Sabe-se que o fruto não cai longe do pé. Mas isso é muito pouco pra determinar a distância entre motivo e gesto. Essa medida tem Junqueira na estrutura de suas crenças, de suas percepções, de seus créditos legitimados desde o olhar cravado ao menor indício de um inimigo. De sua prole, se salva quem pisa na linha demarcada. E não me venham com essa de que não se bate em criança, quem se meter leva porrada também.

Eu faço o que posso, comida não deixo faltar, bolacha, doce, essas coisas cada um escolhe a seu gosto, não me importo. Coisas de higiene também, uma escovinha pra cada um todo mês... Agora, só vai abrir quando eu autorizar e no banheiro, não tem essa de abrir na cozinha e deixar jogada por aí. Comigo é assim, sou muito bom, mas não me tire do sério porque não respondo por mim.

Só ouvi a sirene, acabo de chegar. Que tipo de ironia deixaria alguém tão furioso? Pobre Junqueira, nem quis se livrar do flagrante.

Roberto Bittencourt

quinta-feira, setembro 14, 2006


Vinte e oito de agosto

Setembro me lembra agosto, mais precisamente, vinte e oito de agosto. Esquisitice? Claro, pra quem não esteve presente na Rua Augusto Seabra, n° 17, dia quatorze de julho de 1974, às 22h. E não comeu pamonha, pela primeira vez, na casa de Elmo em Feira de Santana dois dias depois. Tem tudo a ver!

Começa que essa lembrança surge hoje assim, meio ao acaso. Se é que quando se ouve canto de sabiá dia todo e todo dia se pode dizer que uma lembrança dessas surgiu ao acaso, já que estamos no dia quatorze. Com agosto ainda no calcanhar, portanto, veio sem cerimônia comigo desde o cruzamento das ruas Padre Agostinho com Presidente Taunay. Andou comigo por aí, sem se manifestar, meio camuflada na inquietude de andar pela casa sem sentido aparente. Até que...

Não, não diga nada, por favor. Você não acha que é pedir demais deixar de dizer, ainda que algo sem um sentido imediato? Pra você eu digo. Afinal, essa lembrança vive me dando de dedo e durante esses anos a dei ouvidos. Hoje ela se deu mal, ou bem... Acontece que essa associação que faço entre setembro e vinte oito de agosto não quer dizer, propriamente, um pensamento que se volte ao passado. Obviamente que aqui se pode considerar um pensamento, por toda essa maneira de lhe dizer.

Na verdade, nem sei se é uma lembrança. Uma sensação, talvez indique mais precisamente essa relação que, pensando bem, já surgiu em situações bem distintas. Quer dizer, o mês de setembro, no caso, não significa referência fundamental em se tratando do sentimento em si, uma vez que não há razão pra que eu diga qualquer coisa sobre isso. Mas, já que estamos aqui e que a sua presença me valida no tempo, sinceramente, me bateu uma saudade danada do meu pai...

Roberto Bittencourt

terça-feira, setembro 12, 2006

Pelo espelho

Diga o que quiser, pense o que puder e eu não abro mão de uma estimulante diferença. Sei que é redundante e que nem por isso você deve parecer-se comigo. O estímulo se dá de diferentes maneiras conforme a natureza do espelho que se perceba.

Fiz várias experiências a esse respeito e descobri que o espelho que me repete ali meio tonto depois daquela sobremesa de sagu, por mais útil que seja em outras ocasiões, não passa de um objeto que assume somente a minha presença. É de natureza física. Até aqui nada de soberba, de dissabores, nada de profundas dores. Até aqui o espelho é o espelho que se quebra, que vira caco se o vento venta e ninguém se apresenta para segurar a porta que fora lenta. Agora, basta lembrar-se de um desafeto, de alguém que jurou vingança para que a natureza do espelho se altere e vingue a semelhança indiferente à presença.

Se você pensa que não vai mudar o mundo o fato de eu dizer que a diferença me estimula, me comove, certamente somos diferentes. E isso me faz pensar que é razoável compreender que, do seu ponto de vista, todo equívoco se dá no diferir de seu pensamento, de sua razão, de sua conduta, de seu jeitinho de calcular as coisas. Mas, precisamente por isso é que eu não me espelho mais a não ser fisicamente e que tive tantas dores e até desamores.

Hoje uso a palavra como quem usa chinelos para evitar espinhos e assim cruzar os campos para colher flores, para regar o seu pensamento enquanto percebo-me sem qualquer espelho. E neste exato momento me dou por respirar de forma diferente, não apenas pelas vias biológicas senão pelas históricas, culturais e espirituais que me deitam a este texto para dizer coisas sem um sentido próprio entes desse arrepio que lhe invade.

É neste encontro que nos encontramos um e outro sem espelhos, sem a igualdade calhorda de uma condição submissa, sem a incoerência transparente de um artifício em não pelo sim. Eu não lhe agrado e você não me dá conselhos, apenas compartilhamos desta alegria que, a rigor, não nos pertence, ainda que a sensação de pertencimento seja autêntica. Porque a linguagem que nos sustenta alegres transitou por tantas bocas, por tantos olhos, por tantas mãos, por tantos campos, por tantos pomares repletos de caquis e de ameixas que, por certo, pertence ao gênero único que se destina ao amor.

Confio a você estas palavras, não por pensar que elas permaneçam assim como estão depois de visitarem a sua coerência, a sua querência de tanta lucidez e de tanto encanto, mas, porque acredito que por elas você possa compreender qualquer coisa para a qual esteja atento. E disso talvez brote a confiança, a fé, a Cordilheira dos Andes. Só assim a imagem de nossa diferença fugirá do espelho, entrará por aquela porta ali e permanecerá em seu sorriso até que você descubra cada átimo que me permeia.

Roberto Bittencourt






segunda-feira, setembro 04, 2006

Henrique (sobrinho) curtindo um bongo no aniversário da tia Nana

Cauê (ao violino) toca Mozart, dia 02/09, no Solar do Barão

sábado, setembro 02, 2006


Feira de orgânicos

Não acabo de chegar da feira de orgânicos. Hoje, excepcionalmente, não fui por recomendação da minha dentista. Quer queira, quer não, trata-se de uma cirurgia e caminhada amanhã (hoje) só muito leve. Então não vou, fico em casa, durmo um pouco mais, levanto sem aquela sensação de compromisso, ligo e desligo a televisão, dou uma olhada na minha caixa de mensagens. Algo interessante?

Tem um artigo que estou escrevendo sobre ação na linguagem e que enviei ontem de outro computador, algumas curiosidades, algumas piadas de políticos e o que mais me chamou atensão, adivinhe... Bem, pra começo de conversa, pergunte se tinha algum título. Claro que não! É verdade, acho que isso realmente influenciou mas, o que minha atensão distinguiu de imediato foi o endereço do remetente: elfon. gonzales@...

Pensei, aí vem a continuação do papo de sábado passado, vem chumbo do grosso contra governo, nepotismo, corrupção, reeleição, sanguessugas, pé redondo, pé vermelho, pé de valsa (como diz o Beco) e contra tudo o que, eventualmente, se mova na política profissional brasileira. Afinal, quem conhece o Elfon como eu? Ninguém!

Pasme, não era nada disso. Era só mais um repasse. Coisa que, aliás, não é do feitio de Elfon. Mas vindo dele, como deixar de dar uma espiada, de considerar esse momento de dedicação? Pasme, novamente, não era nada idsso. Era um bla-bla-bla de auto-ajuda que não dá. O poder disso e daquilo, a renovação, você pode ser rico, ter sucesso... Ah, páre com isso!

Não sei se fiz bem retornar a mensagem mas, de uma coisa eu estou certo, essas "correntes do bem" não funcionam sem o único elo da vida: a morte. Morra-se o suficiente para que se quebrem todas e quaisquer correntes. Ainda vou descobrir o que se sucedeu com o meu amigo.

Roberto Bittencourt