Exercício do poeta
Aprendo no exercício da escrita, desde aquela redação que minha mãe deu o tope no laço do enredo que descrevia a nossa relação pátria com a herança lusitana. Sempre no mesmo ritmo desta lembrança que me traz aqui cheio de esperança na palavra. Escrevo como se as laranjeiras floridas, neste exato instante, polinizassem o meu pensamento e o tempo me descobrisse crendo cada vez mais na vida, na morte, no espírito que assume o verso de cada palavra e as enlaça.
Convivo com você, com você, com você e de cada um as palavras povoam a minha imaginação num largo horizonte de criança respeitada que se desdobra em futuro. Nos reconhecemos e eu lhe faço de berço o meu colo, das mãos um sensório de desejos e por você me despejo numa cratera de asfalto. Nos reconhecemos, lhe dôo o meu ombro, lhe enalteço e faleço por indolência frente o histórico de sua presença. Já com você, nos reconhecemos e eu me perco de suas palavras que por si se tornam sílabas.
Descubro que o seu sorriso cheira a flor de ameixa e o perfume de seus olhos invoca broto de tangerina. Isso me coloca para além da ponte que nos liga por sobre o horizonte e, confesso, sou a estampa do vento por entre os quintais. Agora a palavra assume a superfície da pele, se arrepia, percorre cada poro e se doa ao meu usufruto até que por seu olhar ela se faça outro sentido. Ela é nossa e nosso também é o instante que vagueia desvencilhado do tempo com ela a galope.
Tudo é palavra antes que pela primeira peça se dê a estrutura e culminem os arremates na visão deste edifício, deste ofício, deste cio do Vale do Cilício. O nosso antes que cruza a genética, o social, o cultural e historicamente faceiro se encontra aqui, percebe agora pelo espírito de cada entendimento. A sua e minha hora fundiu-se ao tempo entes da aurora e precisou da palavra para ser agora, para dizer o que eu digo e o que você diz neste meu eterno mundo de aprendiz.
Roberto Bittencourt
Aprendo no exercício da escrita, desde aquela redação que minha mãe deu o tope no laço do enredo que descrevia a nossa relação pátria com a herança lusitana. Sempre no mesmo ritmo desta lembrança que me traz aqui cheio de esperança na palavra. Escrevo como se as laranjeiras floridas, neste exato instante, polinizassem o meu pensamento e o tempo me descobrisse crendo cada vez mais na vida, na morte, no espírito que assume o verso de cada palavra e as enlaça.
Convivo com você, com você, com você e de cada um as palavras povoam a minha imaginação num largo horizonte de criança respeitada que se desdobra em futuro. Nos reconhecemos e eu lhe faço de berço o meu colo, das mãos um sensório de desejos e por você me despejo numa cratera de asfalto. Nos reconhecemos, lhe dôo o meu ombro, lhe enalteço e faleço por indolência frente o histórico de sua presença. Já com você, nos reconhecemos e eu me perco de suas palavras que por si se tornam sílabas.
Descubro que o seu sorriso cheira a flor de ameixa e o perfume de seus olhos invoca broto de tangerina. Isso me coloca para além da ponte que nos liga por sobre o horizonte e, confesso, sou a estampa do vento por entre os quintais. Agora a palavra assume a superfície da pele, se arrepia, percorre cada poro e se doa ao meu usufruto até que por seu olhar ela se faça outro sentido. Ela é nossa e nosso também é o instante que vagueia desvencilhado do tempo com ela a galope.
Tudo é palavra antes que pela primeira peça se dê a estrutura e culminem os arremates na visão deste edifício, deste ofício, deste cio do Vale do Cilício. O nosso antes que cruza a genética, o social, o cultural e historicamente faceiro se encontra aqui, percebe agora pelo espírito de cada entendimento. A sua e minha hora fundiu-se ao tempo entes da aurora e precisou da palavra para ser agora, para dizer o que eu digo e o que você diz neste meu eterno mundo de aprendiz.
Roberto Bittencourt