quarta-feira, fevereiro 07, 2007

ENSAIO


Maria não é Estela e nem Estela é Maria, mas se chama Maria à Estela desde tenra idade sem que se saiba o porquê de tal esquisitice. Por algum motivo, em algum momento teria Estela se parecido com alguma Maria a quem assim a chamara pela primeira vez ou seria Maria referência às Três-marias consteladas no céu de agosto, mês do nascimento de Estela. Outras duas Maria talvez na mesma rua de Estela e ela, mesmo Estela, torna-se uma das três estrelas na poética de um cotidiano regado à boa prosa e vitais brincadeiras ao largo de toda vizinhança. Ou seja lá como for.

De certo que o nome Maria, com sua dimensão milenar, viria compor Estela de um suave transbordante e vasto olhar de campo estrelado de caraguatá. Tanto que o nome de Estela passa definitivamente a ser Maria, ainda que atenda por Estela com certa contrariedade até que a lei lhe permita Maria em definitivo. Contudo, Maria é Maria e não Estela, que perdeu as escassas referências de uma vida breve e incoerente em relação ao meio que não lhe deu sustento como tal. É evidente que uma Estela meio apagada permanece, meio borrão na água de um lago fotografado, sob o suave tom dos lábios de Maria.

Em seu sorriso de Macondo não esconde Maria tencionar uma vida camponovense guinada sem compromisso nos bailes nativistas, estimulada pela ciência de que se faz bela e de que canta o vento à noite nas quinas. Luzerna não fora sua escolha, senão o conseqüente destino de um tesão desenfreado que de amor tem o toque vital e legítimo da pele, mas que não se evoca a uma futura coerência desejada. Daí que a felicidade sentida por Maria beira o bom senso do Sr. Bush, na avaliação qualitativa que ela faz de sua carência ao percorrer cada lágrima antes que mergulhem no travesseiro.

Roberto Bittencourt

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